Rav Menachem Mendel de Vitebsk fala sobre o começo da porção de Miketz, que ocorre durante Chanuká. Quando falamos em ter uma “certeza de verdade”, nos referimos às vezes em que estamos em nosso pior estado e, mesmo assim, conseguimos despertar a certeza de que não só a Luz do Criador nos auxiliará, e que sairemos da situação em que nos encontramos, mas também, e mais importante, que a Luz do Criador está envolvida na escuridão pela qual estamos passando.
Há dois tipos de certeza. Uma delas é quando dizemos: “Estou em um estado terrível, na escuridão, mas tenho certeza de que a Luz do Criador me ajudará e me resgatará”. E outro nível mais importante e mais profundo é quando dizemos: “A Luz do Criador está envolvida nisto, e isto é exatamente o que o Criador preparou para mim. Portanto, neste momento, este estado em que me encontro é perfeito, e a Luz do Criador o transformará para mim”.
Chanuká, que cai na porção de Miketz, representa a Or HaGanuz, a Luz Oculta. A Luz de Chanuká não só se trata de ver a Luz quando a assistência chegar, como também de vê-la na escuridão. Então por que é chamada de Luz Oculta? Porque é a Luz que experimentamos no momento de ocultamento, ou seja, quando a pessoa está passando pela escuridão, ela é capaz de ter a consciência de que: “Esta é a Luz do Criador em sua totalidade”. Contudo, sabemos como é difícil fazer isso. É difícil estar na escuridão e dizer: “Tenho certeza de que a Luz do Criador vai me tirar daqui e transformar esta situação”.
O segredo da Or HaGanuz, a Luz Oculta, portanto, é que a pessoa chegue a um ponto em que diga, mesmo na maior escuridão: “Esta é a Luz do Criador, e isso será transformado por ela. E a experiência deste momento é a Luz do Criador”. Por quê? Porque sabemos que nenhuma negatividade vem da Luz do Criador.
Então, em Chanuká, pedimos para que tenhamos certeza e para que estejamos conectados à Or HaGanuz, à Luz Oculta. Estar conectado à Luz Oculta significa estar em um estado de escuridão completa e ter a força e a certeza de dizer: “Isto é Luz”. É quando, em vez de dizer: “Tenho certeza de que a Luz do Criador me tirará dessa”, dizemos: “Isto é Luz, isto é a Or HaGanuz”. E mesmo que nossa mente nos diga que não há nada de bom nisso e que só há escuridão, entendemos que há uma razão para estarmos nessa situação. Portanto, temos que ter a consciência de que estamos encarando isso como escuridão porque não nos conectamos à chamada Chochmá, a sabedoria da Luz do Criador.
Rav Brandwein nos diz que o óleo representa Chochmá, e é por isso que acendemos a Chanukiá com óleo. A falta de certeza vem do fato de que não temos a sabedoria do Criador. Se a tivéssemos, veríamos que o que poderia ser encarado como escuridão total, sem nenhum propósito positivo, na verdade, é a Luz total. Chanuká se trata de ter a capacidade, mesmo na escuridão, de dizer: “Isto é Luz” e, mesmo estando na escuridão, de conseguir se conectar de alguma forma. Mesmo que nossa mente nos diga que não há nada positivo nessa situação, ainda estamos despertando a certeza que está vindo do Criador, que é a Luz Oculta e, portanto, temos a certeza de que é a Luz do Criador.
Ao termos a força de consciência, mesmo na maior escuridão, para saber que é Luz e que a escuridão é bondade total, estamos pegando a parte mais inferior da escuridão, chamada de Malchut, e elevando-a ao mundo de Chochmá, o mundo da sabedoria, porque estamos dizendo: “Posso não ter a consciência do motivo pelo qual isto é percebido como escuridão, mas sei que no reino de Chochmá, a sabedoria da Luz do Criador, isto é apenas Luz”. E, por meio da força dessa consciência, dizemos: “Isto não é escuridão, e sei com total certeza que isto é Luz e, como tal, eu a elevo ao reino de Chochmá”. Chanuká é isso, e é por isso que acontece no fim do mês, que representa a época de grande escuridão. Recebemos a dádiva de Chanuká, a habilidade de elevar a escuridão para a Luz, elevar o Malchut para a Chochmá.
Todos sabemos disso, em alguma medida, mas não temos a força. Talvez tenhamos força antes que algo aconteça para dizer: “Sei que devo fazer isto”, mas quando estamos na escuridão e naquele estado inferior, não temos força, por isso temos Chanuká. E pedimos em Chanuká que o Criador nos dê força, não para termos certeza de que vamos sair da escuridão e ir para a Luz, mas pedimos que tenhamos força na escuridão para saber que ela é uma Luz absoluta.
Novamente, o segredo da Or HaGanuz não é que a escuridão se tornará Luz, mas que a própria escuridão é uma grande Luz. Quando conseguimos entender isso, somos capazes de transformá-la. Quando estamos em um estado de escuridão, e a mente nos diz: “Não há nada de bom nisto. Não há motivo positivo possível para que isto esteja acontecendo”, e, não obstante, dizemos: “Não, eu sei que isto vem da Luz do Criador. Eu sei, sem sombra de dúvida, que isto está repleto de Luz”, nós elevamos o Malchut à Chochmá, elevamos a escuridão a um estado de Luz. Aí, ela não será mais a Luz Oculta; se torna a Luz Revelada.
Não temos força para realizar esse trabalho sozinhos, e é por isso que temos Chanuká, e é isso que queremos pedir nessa ocasião. A Luz do Chanuká é a Or HaGanuz, a Luz Oculta. É a capacidade de saber, quando estivermos em uma situação, e a mente nos disser: “Isto é apenas escuridão, não tem propósito positivo,” que isso está, de fato, vindo simplesmente da Luz do Criador e, portanto, é a Luz total. A fim de conseguirmos fazer isso, precisamos da assistência do milagre de Chanuká. É isso que pedimos, enquanto nos sentamos perto das Luzes durante Chanuká. Pedimos à Luz do Criador: “Dê-me força nos melhores e piores momentos de escuridão total para ser capaz de despertar a certeza de que isso é apenas Luz”. Porque assim saberemos o que acontece. Se pudermos fazer isso, elevamos Malchut a Chochmá, que é do que se trata a Luz de Chanuká. É por isso que usamos o óleo, pois ele representa Chochmá e, então, toda a Luz Oculta se transforma em Luz Revelada.
Quando está escrito na porção de Miketz que José veio para controlar todo o Egito e todo o mundo, isso significa que ele veio para controlar todas as forças de negatividade. Por quê? Porque ele tinha força, mesmo no momento de maior escuridão, quando ele estava na masmorra, para saber com toda certeza: “Isto é a Luz total. O Criador me auxiliará, e eu sairei desta masmorra”. Portanto, ele se tornou o comandante acima de todas as forças de negatividade. Nós, é claro, não estamos no nível de José, então temos Chanuká. E, nessa ocasião, podemos pedir ao Criador que nos dê a força da consciência, nos momentos de escuridão que não fazem sentido, para sabermos que esses momentos estão vindo diretamente da Luz do Criador e, portanto, somos capazes de saber que é a Luz total e, com isso, poderemos transformar tudo.
José passou por esse processo. Quando ele chegou em um estado em que entendeu que a situação na qual ele se encontrava era simplesmente Luz, ele pôde transformá-la. E, por meio da porção Miketz, e em Chanuká, nós também podemos pedir ao Criador que nos dê força nesses momentos que não têm lógica e nos momentos de escuridão total para vê-la como simplesmente Luz.