Ao longo da minha jornada no Kabbalah Centre, tive o privilégio de me conectar com pessoas de todo o mundo e de quase todas as profissões que você possa imaginar. Eu conheci pessoas seguras e realizadas, vivendo suas melhores vidas sem empregos sofisticados ou casas caras. Conheci outras que, numa primeira impressão, parecem ter tudo, mas sofrem de ansiedade e insegurança. Curiosamente, às vezes, as pessoas mais bem-sucedidas (conforme os padrões da sociedade) são as que menos têm certeza de por que ou como elas obtiveram o que têm. Elas podem sentir que não merecem o próprio sucesso. Ou podem acreditar que roubaram de outros para chegar no lugar em que estão. Elas podem até acreditar que estão enganando todos ao seu redor e que, a qualquer momento, alguém vai arrancar as suas máscaras e elas serão expostas como pessoas simples e comuns.
E isso, amigos e amigas, é a síndrome do impostor.
A ideia foi introduzida pela primeira vez em 1978, pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes, quando seu artigo, "O fenômeno do impostor em mulheres de sucesso", foi publicado em uma revista de psicoterapia. Nele, elas compartilharam pesquisas mostrando como sentimentos comuns de inadequação e insegurança estavam presentes em mulheres muito bem-sucedidas, apesar de suas conquistas. Do ponto de vista da evolução social, isso não é surpreendente.
Entretanto, a síndrome do impostor não é apenas um comportamento de época. Também não é exclusivo de mulheres ou pessoas acima da média, as quais podem sofrer pressões externas que as levam a esse sentimento de inadequação. Se formos honestos, a maioria de nós já experimentou algo parecido com esse fenômeno em algum momento de nossas vidas.
Faz sentido que possamos nos repreender quando as coisas não vão bem (embora isso esteja longe de ser produtivo ou justificado, já que os erros sempre nos ajudam a crescer!). Mas é interessante notar essa tendência direcionada a uma conversa interna negativa também quando as coisas vão bem. Esses pensamentos degradantes podem rondar e nos dizer que apenas "tivemos sorte" quando conseguimos aquela promoção - e não porque tínhamos as habilidades e a determinação para conquistá-la.
Muitas pessoas famosas expressaram versões dos mesmos sentimentos. Em entrevista à NPR (uma rádio nos EUA), o ator vencedor do Oscar Tom Hanks compartilhou que já se pegou pensando: "Como eu cheguei aqui? Quando eles vão descobrir que eu sou, na verdade, uma fraude e tirar tudo de mim?" Da mesma forma, Cheryl Sandberg, filantropa e ex-Diretora de Operações da Meta (antiga Facebook), escreveu: "Toda vez que eu não constrangia a mim mesma - ou mesmo me sobressaía - acreditava que havia enganado a todos mais uma vez. Em breve, a máscara iria cair."
De onde vem esse pensamento? E como lutamos contra o sequestrador de nossa confiança e autoestima quando ele surge? De acordo com Michele Molitor, autora de Breakthrough Healing (Cura Inovadora) e especialista em síndrome do impostor, a resposta é complicada.
A síndrome do impostor pode resultar de inúmeras circunstâncias da vida. Frequentemente, diz ela, decorre de nosso ambiente nos primeiros anos de vida. Ela explica como, se você enfrentou negatividade ou crítica quando criança, "isso fica preso em seu programa subconsciente". Como resultado, você pode ter sentimentos profundamente enraizados de que "não sou bom (boa) o suficiente. Não sou digno(a)... não mereço isso ou aquilo..." Outros fatores podem estar relacionados a relacionamentos ou empregos fracassados, sentimentos de não pertencimento ou pressões sociais. Superá-los não é fácil, mas saber que eles existem é um ótimo ponto de partida. E, no fim das contas, a melhor maneira de atravessá-los e de superá-los é por meio de esforço e ação conscientes!
Molitor também detalha as muitas "faces" que as pessoas usam para mascarar a síndrome do impostor ao invés de lidar com ela. Talvez nos tornemos perfeccionistas para sermos vistos como bons ou boas o suficiente. Ou nós posamos de supermulheres e trabalhamos 80 horas por semana para mostrar que, cansaço à parte, nós merecemos. Ou talvez ajamos como sabe-tudo porque - "Se eu souber tudo, vou parecer que sou o máximo!" - e assim por diante.
A questão é que, como ensina a Kabbalah, não estamos aqui para ser os mais inteligentes. Ou para trabalhar até a exaustão. Ou para ser a pessoa mais perfeita possível. Nós estamos aqui para sermos nós mesmos - e não apenas "metade" de nós, e para estarmos na plenitude de nosso eu mais realizado, brilhante e exaltado!
Não precisamos adotar os rótulos que as outras pessoas colocam em nós nem mesmo aqueles que nós colocamos em nós mesmos. Vindo de uma família em que sou uma de três irmãs, sei muito bem como os rótulos podem moldar identidades, tais como: Ela é a bonita... e essa é a inteligente... e aquela é a encrenqueira. Também somos culpados quando ousamos colocar rótulos nas pessoas que conhecemos. Nós pensamos: Ela é que manda.... deve ser super equilibrada. Ou Ele é o zelador... sem ter a menor ideia de sua habilidade musical. Fazer isso alimenta a noção de que os rótulos nos definem. E nos dá uma desculpa para também se apegar àqueles que colocamos em nós.
Então como lidamos com a síndrome do impostor? Aqui estão alguns pontos de partida:
1) Remova os rótulos de si e dos outros. Isso coloca o poder de volta em cada pessoa no momento presente. Cada um de nós é um todo, pessoas tridimensionais. Lembre-se disso. E acredite nisso.
2) Dedique um tempo explorando o que realmente importa para você. Em vez de buscar validação externa ou de focar nas vozes críticas do passado, ouça sua própria voz interior. Medite. Faça uma longa caminhada. O que é verdadeiro e importante para você AGORA? Escreva quais crenças você QUER ter para si. Deixe suas respostas criarem uma nova voz para tocar repetidamente em sua mente!
3) TOME AÇÕES. Tome ações hoje e tome mais amanhã. Quebre aqueles grilhões autoimpostos e OUSE buscar as coisas que você realmente deseja na vida! Não apenas dê um passo; mas ultrapasse! Não se mexa apenas um pouco; mexa-se muito - e vá em direção a esses sonhos.
4) Mais do que tudo, nunca subestime seu próprio poder de crescer, de tornar-se e de realizar. Se você acredita nisso, você PODE criar isso!
Porque você NUNCA é um(a) impostor(a), quando se trata de ser você. Portanto, o que quer que você faça da sua vida a partir de um lugar de ser VOCÊ por completo, SUA plenitude será totalmente sua... e totalmente verdadeira!
E sabe o quê? Você mereceu.