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O Dom Imortal da Sabedoria Paterna

Monica Berg
Junho 20, 2022
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Como diz o Zohar, todos nós deixaremos este mundo, mas a Luz que trouxemos para ele nunca deixará. Tenho refletido muito nessa ideia. Pois mesmo que as figuras paternas mais influentes que conheci -- meu pai e meu sogro -- tenham deixado essa vida terrena, sua influência permanece muito viva.

Com este espírito, e para homenageá-los nesta semana do Dia dos Pais, gostaria de compartilhar apenas algumas das lições de vida que eles me transmitiram. E agora, passo adiante para você, com amor:

1) Ser forte não significa que você não possa ser gentil, amável e empático.

Rav Berg, meu sogro e honrado professor, foi uma das pessoas mais fortes que eu já conheci. Ao mesmo tempo, poucas pessoas neste mundo poderiam se conectar com a dor ou experiência de outra pessoa com uma compaixão tão autêntica. Por mais sábio e bem-sucedido que ele tenha sido ao se tornar  um líder espiritual, desenvolvendo o Kabbalah Centre e encontrando outros grandes gigantes do mundo, o Rav era profundamente empático e notavelmente humilde.

Eu me lembro claramente até hoje como me senti apenas dois dias depois que Josh nasceu. Cheguei em casa do hospital. Meu pós-operatório ainda era recente e eu estava com uma dor profunda - tanto física, da cesárea, quanto a menos visível, que veio de saber que nosso filho tinha sido diagnosticado com Síndrome de Down. Eu me lembro de me sentir muito abalada. Eu estava realmente perturbada emocionalmente; estava assustada, cheia de dúvidas sobre o futuro e confusa sobre como eu navegaria por um mundo que agora parecia desconhecido para mim. Naquela tarde, eu estava sentada em minha cama, o Rav entrou e puxou uma cadeira. Ele apenas se sentou ao meu lado em silêncio. Doze minutos tinham se passado quando ele olhou pra mim e simplesmente disse: "Monica, não aconteceu apenas com você." Naquele momento, 50% da minha dor simplesmente desapareceu. Não era apenas minha dor e medo. Eu não estava sozinha. Eu nunca tinha me sentido tão integralmente vista e compreendida.

Meu sogro disse uma vez que “é amando alguém que acessamos a verdadeira realidade e afetamos cada átomo do universo”. Ele estava certo – pois sua presença ainda afeta cada átomo do nosso universo!

2) Tenha certeza em sua jornada e persevere.

Costumo contar a história de um outro momento quando, depois que nossa filha Miriam nasceu, eu passei por um terrível susto em relação à minha saúde. Mas o Rav disse (ou melhor, gritou) para mim do outro lado do telefone, quando uma crise de pânico estava começando a se instalar, "Monica, medo não é uma opção!" Suas palavras ecoaram tão profundamente em mim que se tornaram o título do meu primeiro livro. E ele próprio viveu segundo essas palavras. Sua determinação e perseverança foram, em todos os sentidos, singulares. E apesar de todo esse destemor inabalável, ele ainda classificou o amor no topo de sua lista. Ele (brincando) se chamou de “egoísta”, comentando que ele compartilhava sua Luz apenas porque ele precisava para poder receber mais Luz para si próprio! Mas ele – como o resto de nós – só podia compartilhar exatamente o que e quem ele era. Ele era força. E certeza. E bondade. E Luz.

3) Amar é aceitar incondicionalmente.

Meu próprio pai não era uma figura pública como o Rav, mas para mim ele era um gigante. (É verdade que sua demência mudou isso - mas isso não corresponde a quem ele foi durante maior parte de sua vida.) Uma das maiores qualidades de que meu pai se tornou modelo para mim foi o amor incondicional que infundiu em mim uma liberdade de pensamento e de sentimentos que só percebi plenamente depois que ele faleceu. Sua forma de amor era de aceitação, independentemente das circunstâncias. Ele segurava minha mão em silêncio, literal e figurativamente, mesmo quando eu fazia escolhas que ele sabia que me afetariam negativamente.

Quando eu era adolescente, meu pai nunca me questionou enquanto eu lutava contra um distúrbio alimentar. Ele simplesmente me aceitou. Durante esse e momentos desafiadores da minha vida, ele se absteve de tentar me controlar. Ele me ensinou que o controle é contrário ao amor. E, enquanto eu me curava, percebi que a constante calma de meu pai era meu farol. Eu sabia que não importava o quão longe eu pudesse me afastar, até de mim mesma, aquele porto seguro estaria sempre por perto. E ainda está.

4) A vulnerabilidade incentiva (e aumenta) nossa capacidade de amar e ser amado.

Meu pai também me mostrou que a habilidade interna de ser amado é tão poderosa quanto a força externa de amar. Com ele, não senti a necessidade de esconder minhas fraquezas e meus anjos mais sombrios porque ele criou espaço para que eu fosse o meu eu mais autêntico. Ele era um homem profundamente expressivo e emocional, o tipo de homem que dizia “eu te amo” muitas vezes ao dia para aqueles que amava. Ele não tinha medo de mostrar seu amor, chorar na frente dos outros ou admitir que estava errado. Ele valorizava profundamente sua família e dava e recebia amor incondicionalmente. 

Por causa de tudo isso, cresci forte o suficiente para me amar e me valorizar. Eu sabia que não importava o que eu dissesse ou fizesse, meu pai sempre me amaria. Foi libertador saber que eu poderia ser eu – para o bem ou para o mal – e ainda ser totalmente amada!

5) Aprenda a amar e aceitar a si mesmo primeiro (com todas suas idiossincrasias!). Com isso, tudo é possível!

O amor próprio não acontece de repente; ele evolui com o tempo, com a prática e a experiência. Na minha primeira viagem a Israel com meu pai (fomos só nós dois), comecei a entender isso. Porque, pela primeira vez, finalmente nos vimos por quem éramos – além de nossos papéis familiares. Rimos até chorar... e parte dessa risada foi devido às partes "estranhas" de nós mesmos que descobrimos. Ao aprender a aceitar e apreciar meu pai como ele era, aprendi a me aceitar também. 

Tanto meu pai quanto o Rav me ajudaram a cultivar meu amor próprio. Eles me encorajam a confiar na minha autenticidade e encontrar meu propósito e potencial – que é exatamente o que o mundo precisa que cada um de nós compartilhe! 

Esta semana, reserve um momento para refletir e ser grato pelas lições que você aprendeu com esses pais - ou os modelos paternos - em sua própria vida. 

Embora nem todas as lições sejam necessariamente positivas, todas elas nos ajudam a crescer. Porque não importa onde estejamos hoje, estamos sempre nos ombros daqueles que vieram antes. E desse lugar, podemos ver um pouco mais longe e voar um pouco mais alto.
 


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