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Esperar por algo

Michael Berg
Março 10, 2021
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As porções de Vayakhel-Pekudei não apenas contêm o culminar de todo o trabalho que ocorreu no livro de Shemot, ou Êxodo, mas também nos levam a um ponto importante: a explicação para a finalização da construção do Mishkan, o Tabernáculo. E há algumas lições muito importantes, mas quero focar em uma.

No Midrash, perguntam quanto tempo levou para construir o Tabernáculo? Rabi Shmuel, filho de Nachman, disse que a construção do Mishkan levou três meses: os meses de Tishrei, Cheshvan e Kislev. No terceiro mês, o mês de Kislev, o prédio estava pronto. As partes estavam prontas, os utensílios a serem usados no interior foram preparados, as paredes foram preparadas e, ainda assim, não foram montadas. Então, todas as partes do Mishkan estavam prontas, mas permaneceram ali, soltas, pelos três meses seguintes, até o primeiro dia do mês da Nissan, o mês de Áries, quando finalmente foi construído. Por que houve três meses entre o tempo em que todas as partes do Mishkan foram preparadas e quando o Criador disse a Moisés para montá-las?

Vamos voltar por um momento. Os israelitas ficaram entusiasmados com o Tabernáculo por duas razões: a primeira, porque Moisés lhes disse: "Se vocês derem todo o seu dinheiro, todo o seu ouro, toda a sua prata, vocês terão um lugar onde a Luz do Criador pode estar em sua vida constantemente e para sempre". E, segunda, porque seria capaz de remover qualquer escuridão que eles tivessem despertado durante a queda do Bezerro de Ouro.

Na verdade, eles estavam tão empolgados que está escrito literalmente que eles levaram apenas dois dias para reunir todo o ouro, a prata e os materiais necessários e apenas três meses para construir todas as peças. Mas, então, eles começaram a ter expectativas: "Moisés, você nos disse que se lhe trouxéssemos todo o nosso dinheiro, se investíssemos todas as nossas energias na construção deste Tabernáculo, o Criador desceria e o veríamos com nossos olhos, experimentaríamos a presença da Luz do Criador. Nós fizemos isso".

Quando, no final do mês de Kislev, Sagitário, tudo foi feito, e eles chegaram a Moisés e perguntaram: "O que está acontecendo?", Moisés realmente não tinha uma resposta, porque também não sabia o que estava acontecendo; ele não sabia com antecedência quando o Criador decidiria que seria a hora certa de juntar as partes para construir o Tabernáculo.

O plano era, como fica claro depois nos escritos dos kabalistas, que o Criador queria esperar até o primeiro dia de Nissan. Mas isso fez muitas pessoas começarem a duvidar de Moisés; talvez eles tivessem perdido tempo, esforços e dinheiro. E, portanto, está escrito que algumas pessoas começaram a criar problemas. Mas se o Criador sabia quanto tempo levaria a coleta dos materiais e a construção do Mishkan e queria que ele fosse erguido no primeiro dia do mês de Nissan, por que criar um cenário em que tudo seria feito em três meses então, haveria um intervalo de três meses até que o Tabernáculo fosse construído? Por que começar a construir depois de seis meses, dando tempo a todos para duvidar, questionar e despertar todo tipo de problema para Moisés e os israelitas?

Aprendemos, com isso, um ensinamento muito importante, algo que provavelmente já ouvimos, mas que está no alicerce de quase toda a escuridão que já veio a este mundo, e no alicerce de quase todas as quedas que já tivemos. A primeira queda, a primeira vez que a escuridão foi trazida a este mundo, foi a queda de Adão, em que o Criador foi a Adão e disse: "Você pode comer de todas as árvores do Jardim do Éden, exceto uma: a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal". Mas os kabalistas dizem que o Criador realmente não quis dizer que Adão nunca deveria comer dela, mas que ele deveria esperar e comer dela no Shabat; Adão só precisava esperar mais um dia até o Shabat e, então, poderia comer dela.

Está escrito no Zohar, e explica o Ari, que Adão não conseguiu esperar, então provou da Árvore do Conhecimento no sexto dia. Se ele tivesse esperado mais um dia até o Shabat, não apenas não teria trazido a morte e grande escuridão a este mundo (como ele acabou fazendo), mas teria sido capaz de manifestar para este mundo Luz plena e vida plena para sempre. Mas ele não esperou, e a semente para a primeira queda, a semente para o primeiro nível de escuridão neste mundo, portanto, veio da falta de paciência. E os kabalistas ensinam que todas as outras quedas, todas as outras revelações da escuridão neste mundo sempre ocorrerão porque as pessoas não estão dispostas a esperar. Foi também o que aconteceu na queda do Bezerro de Ouro, quando os israelitas não conseguiram esperar Moisés descer depois do que eles pensavam ser exatamente 40 dias. Eles não estavam dispostos a esperar.

E, então, qual é a lição? Paciência. Não espere que a Luz chegue no segundo em que você tenha expectativa que chegue. Não espere que sua manifestação, sua bênção chegue no minuto em que você criou a expectativa de chegar ou mesmo um minuto depois. Espere. Temos que entender que a falta de paciência está na raiz de todos os grandes erros que cometemos e de todas as grandes quedas que já ocorreram neste mundo. A queda de Adão aconteceu não porque ele fez a coisa errada, mas porque ele não esperou fazer na hora certa. A queda do Bezerro de Ouro não aconteceu porque eles fizeram algo tão terrível, mas porque eles não tiveram paciência para esperar.

Vamos nos aprofundar um pouco mais para entender exatamente o que isso significa em termos espirituais. Toda vez que caímos é porque temos a expectativa por algo. Pensamos: “bem, eu fiz isso. A Luz deveria aparecer aqui. Por que isso não está acontecendo agora?”. Mas a Luz, a verdadeira Luz, nunca virá quando criamos a expectativa. E, às vezes, porque somos impacientes, atrairemos ainda menos Luz do que estamos destinados a receber.

Perguntamos: “por que o Criador está criando essa confusão?”. Porque o objetivo era ser uma lição para os israelitas e uma lição para a eternidade. O Tabernáculo seria o caminho para a grande Luz a ser trazida para este mundo... e a grande Luz só pode ser trazida para este mundo por pessoas que estão dispostas a esperar.


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